RPD em Viana do Castelo

Análise dos resultados

A Agência ECCLESIA solicitou à diocese de Viana do Castelo uma apreciação dos dados fornecidos pelo recenseamento da prática dominical, levada a cabo no fim-de-semana de 10/11 de Março de 2001. Trata-se do terceiro recenseamento da prática dominical realizado nas dioceses portuguesas.

1. Antes de apresentar os respectivos dados, importa sublinhar alguns princípios que devem orientar a leitura e interpretação dos dados recolhidos e agora divulgados.
Uma sondagem vale o que vale. Há aqueles que as endeusam como expressão última e indiscutível da verdade e aqueles que as menosprezam. Sabemos que é apenas referente à prática dominical e não do ser ou não ser religioso, do ser ou não ser cristão praticante, do ter ou não te fé cristã e católica.
Os valores expressos em percentagens, no referente à população civil não é possível sem termos acesso aos dados definitivos do recenseamento civil da população, feito em 2001, só há dias tornados públicos. Gostaria que não fossem apurados e divulgados antes de poder utilizar os valores definitivos do referido recenseamento. Em dez anos, houve grande mobilidade da população, concentrada em certos pólos e rarefeita noutros. A universidade Católica está encarregada de fazer esse estudo.
Estas percentagens são ainda mais vulneráveis por não terem em conta todas as variáveis (factores influentes) com reflexo nos resultados apurados. Cito, a título de exemplo: a frequência das crianças nas celebrações até uma determinada idade depende em grande parte da conduta dos pais; há pessoas idosas e doentes que estão impossibilitadas e por isso dispensadas, especialmente em paróquias rurais e com deficientes acessos; há hoje um grande número de pessoas com empregos ou em viagens (mais ou menos obrigatórias) que não podem cumprir o preceito nesse dia; há mães com filhos menores e famílias que não deixam a casa sem ninguém, particularmente no momento da missa, pelo receio dos assaltos.

2. Mesmo assim, importa dedicar a possível atenção à análise dos dados. Há conclusões evidentes que saltam à vista e que devem ser tidas em conta nas actuais e futuras programações pastorais.
Os dados mais salientes que esta sondagem fornece sobre a prática religiosa, no referente à prática dominical, no âmbito desta Igreja local de Viana do Castelo, podem sintetizar-se nos seguintes termos:
- O decréscimo do número de pessoas que participaram na celebração dominical da fé em cerca de 7,9% em relação ao recenseamento feito em 1991. Os dados provisórios do recenseamento da população civil presente aponta para uma diminuição de 1,14%, o que, a ser verdade, apontaria para um decréscimo percentual de 6,8%, o que só será verificado cotejando os dados definitivos do recenseamento civil;
- O facto de, em quatro arciprestados, a percentagem provável (já que houve grande perda de população em alguns deles) dos participantes estar abaixo dos 30% da população e num deles abaixo dos 20%, dados sujeitos a rectificação;
- Verifica-se uma notória assimetria da prática dominical nos diferentes arciprestados ou concelhos sendo os desvios extremos registados entre os 47,8%, em Ponte de Lima, e os 19,6% em Valença (dados sujeitos a rectificação);
- O facto de, porventura (veremos o que nos diz o censo populacional de 2001), o decréscimo mais notório acontecer nas fases etárias dos 7 aos 24 anos. A diminuição da natalidade não deverá alterar significativamente esta conclusão;
- O aumento significativo do número dos idosos participantes nas celebrações, a requerer uma pastoral adaptada à terceira idade. É de ter em conta o notório aumento do número de pessoas nas fases etárias mais idosas na população portuguesa e europeia.

3. Posto isto, gostaria de informar que o Conselho Presbiteral desta Diocese reflectiu já, numa das suas sessões, sobre estes dados, particularmente sobre duas questões fundamentais: quais as causas deste fenómeno sociológico da diminuição da presença do número de fiéis na celebração dominical? Quais as iniciativas que o Bispo e os outros pastores devemos tomar e/ou devemos propor para responder a esta realidade no sentido de acompanhar pastoralmente a evolução decrescente?

D. José Augusto Pedreira
Bispo de Viana do Castelo