RPD - Portalegre-Castelo Branco

Recenseamento contra modelos do passado

Convém registar a oscilação da população, a partir do census nationalis, a fim de que o recenseamento da Prática Dominical possa ter uma leitura adequada. Com efeito, percorrendo os concelhos existentes na Diocese, achamos um decréscimo que vai de 7,1% a 17,5%. Entretanto, as cidades, com excepção para Portalegre que baixou 6%, apresentam subida: Ponte de Sor - 15%, Castelo Branco - 16,5%, Abrantes - 18%.

Com este pano de fundo, vamos ler os dados do nosso recenseamento:

1. A prática dominical desceu. Razões: o abaixamento demográfico da população e, também, a perda de sentido cristão do Domingo.

2. As camadas juvenis manifestam débil prática dominical, a começar logo nas primeiras camadas etárias (de 7 a 14 e de 15 a 24 anos).

3. As faixas etárias mais altas (de 65 anos em diante) são as mais praticantes, o que dá um ar de envelhecimento às comunidades cristãs.

4. O número de praticantes é predominantemente do sexo feminino. A prática cristã dos homens diminuiu relativamente, bem como a das mulheres na faixa etária intermédia (dos 25 aos 39 e dos 40 aos 54 anos).

5. As comunidades, entretanto, aparecem mais eucarísticas: os praticantes comungam mais e com predominância feminina (59,4%): - maior consciência cristã? - falta de sensibilidade espiritual? Um pouco de tudo, a pender para a segunda interrogação.

6. A Celebração da Palavra na ausência do sacerdote vai-se afirmando progressivamente, embora com débil implantação (5%, mas este registo não recolheu toda a prática).
7. Em todo o caso, as pessoas vão- se desabituando do Dia do Senhor e perdendo esta referência fundamental, se a Igreja não desenvolver uma consciência aprofundada e motivadora do Domingo, sublinhando a importância da sua celebração comunitária, mesmo na ausência do sacerdote, mas sempre como referência à Eucaristia. Trata-se duma exigência da identidade cristã e do modo de pertença à Igreja.

Esta leitura sugere desafios pastorais sérios que não são de todo novos. Pois, o Plano Pastoral (anual) da Diocese e de um número progressivo de Paróquias; os guiões doutrinais de apoio ao estudo dos temas de formação em grupo; a formação dos Conselhos Paroquiais (económico e pastoral); a criação de Zonas com Dinâmica de Missão; a insistência nos mistérios laicais; a instituição do Diaconado Permanente; a implementação da Escola do Altar (para uma unidade e complementaridade de serviços); uma certa purificação das Festas e de algumas tradições; a celebração do Dia da Paróquia, para avaliação e estímulo dos agentes pastorais... têm feito caminho de esperança e inovação, na Diocese. Todavia, é preciso fazer ‘escola’ na preparação do Baptismo (CPB), do Crisma (CPC), do Matrimónio (CPM), incrementando mais estes serviços; insistir na Catequese de Adultos e na formação de Animadores; dar lugar assíduo ao acolhimento nas Igrejas; motivar a participação alegre e generosa nas celebrações e nas actuações apostólicas das comunidades; estimular as Vocações com propostas generosas... e fazer ‘escola’ de Oração para ungir a vida das comunidades e dos seus servidores.
Além disso, a prática pastoral não pode contentar-se com a repetição pura e simples dos modelos do passado. Os apelos da Nova Evangelização inspiram adequação da linguagem, conteúdos acessíveis, métodos renovados. Assim, onde a população diminuiu e envelheceu, é preciso dar alento mas ajustar os serviços; nas periferias urbanas, onde a população aumentou, é precisa uma reflexão pastoral que responda aos que chegam de fora e ficam desenquadrados da organização pastoral paroquial.
Entretanto, o estudo feito pelo clero da Diocese e ajudado pelo Sr. Dr. Marinho Antunes, da Universidade Católica, criou inquietação e deve dar frutos novos. Porque a Igreja tem de ser profética no seu jeito de caminhar e de comunicar esperança a um mundo saturado de materialismo.

D. Augusto César
Bispo de Portalegre - Castelo Branco

% dos praticantes por sexos e idades

 

1977

1991

2001

H 7-14

7.3 %

5.5 %

3.9 %

H 15-24

3.7 %

3.0 %

2.4 %

H 25-39

3.2 %

2.7 %

2.5 %

H 40-54

5.7 %

4.3 %

4.3 %

H 55-69

7.0 %

8.2 %

7.9 %

H 70 e +

4.0 %

6.2 %

8.5 %

M 7-14

11.2 %

7.6 %

5.1 %

M 15-24

9.8 %

6.5 %

4.6 %

M 25-39

8.0 %

7.3 %

6.6 %

M 40-54

14.6 %

12.4 %

11.7 %

M 55-69

16.1 %

22.0 %

21.6 %

M 70 e +

9.4 %

14.3 %

20.9 %

 

% de comungantes nos praticantes por sexos e idades

 

1991

2001

H 7-14

51.4 %

58.7 %

H 15-24

35.9 %

46.6 %

H 25-39

23.9 %

28.4 %

H 40-54

33.5 %

31.3 %

H 55-69

34.8 %

35.6 %

H 70 e +

44.1 %

43.6 %

M 7-14

57.0 %

63.4 %

M 15-24

42.5 %

48.1 %

M 25-39

37.3 %

43.0 %

M 40-54

50.1 %

48.6 %

M 55-69

57.5 %

62.5 %

M 70 e +

65.1 %

69.1 %