Diocese de Bragança - Miranda

Recenseamento à prática Dominical. E AGORA?

A partir destes dados pode dizer-se que, na Diocese, houve uma diminuição da prática dominical acima dos 10% comparada com a do ano de 1991. Com efeito, em 1991, celebraram o Domingo 48.505 cristãos, ou seja 35% da população residente. Em 2001 apenas o fizeram 34.432 cristãos, o que equivale a 23% da população residente.
Nesta análise percentual contudo, há que ter em conta o facto de que o censo 2001 contemplou toda a população e o recenseamento da prática dominical apenas os maiores de 7 anos, o que altera, num caso ou noutro, estas percentagens, sobretudo nas cidades e vilas. Aliás, foi nestas que se deu o maior declínio da prática dominical. Ao contrário, o número de comungantes aumentou em toda a Diocese tendo alguns concelhos obtido subidas substanciais como o de Vila Flor (+15%) e Carrazeda de Ansiães (+19%); apenas dois registaram uma significativa descida: Vimioso (-10%) e Freixo de Espada à Cinta ( -15%).
Os números são o que são e significam o que significam; porém, numa primeira análise e tendo em atenção a "fragilidade" de alguns deles e não esquecendo também as diversas variáveis que entram neste facto religioso podemos concluir o seguinte:

 

1977

1991

2001

Variação

Concelhos

P.R.
P.P.

%

P.R.

P.P.

%

P.R.

P.P.

%

 1991/2001

Alfandega da Fé

6950

3150

45

5556

2153

39

5924

1894

35

-4%

Bragança

30288

11780

39

29373

9287

32

34689

6641

19

-12%

Carraz. Ansiães

9921

3460

35

7821

1091

14

7635

1681

22

8%

Freixo de Esp. À Cinta

5351

780

15

4381

1392

32

4197

624

15

-17%

Macedo de Cavaleiros

18760

9220

49

15868

6449

41

17432

3973

23

-18%

Miranda do Douro

9225

4480

49

7660

4236

55

8085

2202

27

-28%

Mirandela

24327

10000

41

21873

7679

35

25809

4214

16

-19%

Mogadouro

13515

5500

41

10991

4706

43

11282

3016

27

-16%

Moncorvo

12397

3600

29

9836

3473

35

9920

2259

23

-13%

Vila Flor

8292

3800

46

7374

2313

31

7904

2464

31

0%

Vimioso

7868

4200

53

5171

2048

40

5330

1811

34

-6%

Vinhais

14729

6000

41

10923

3678

34

10632

3465

33

-1%

    Somatório

161623

65970

41

136827

48505

35

148839

34432

23

-12%

1. A desertificação do Distrito - Diocese continua a processar-se nalgumas comunidades rurais, em percentagens elevadas.

2. As pessoas deslocaram-se para as cidades e vilas, que viram assim aumentar a sua população, excepto a de Freixo de Espada à Cinta.

3. Em bastantes comunidades rurais, onde há fraca mobilidade social e grande estabilidade social e familiar a prática dominical situa-se acima dos 60%, atingindo algumas delas mais de 90%. É um caso interessante que merece um estudo mais profundo em termos pastorais.

4. Bem pelo contrário, nas zonas urbanas dotadas de grande mobilidade social e familiar, a prática dominical desceu para valores não superiores, nalguns casos, a 15%. Outro caso a exigir uma boa análise pastoral.

5. Aquelas comunidades rurais que, por via de regra, só têm Eucaristia Dominical uma vez por mês, sentiram também uma forte quebra de participação. Certamente que o " hábito" de sentirem o domingo como o "Dia do Senhor" vai inconscientemente desaparecendo e deixando de fazer parte da sua cultura.

6. A grande maioria das participantes situa-se em idades acima dos cinquenta anos quer porque a população é de "per si" bastante envelhecida, quer porque as novas gerações já entraram no ritmo do "Fim de Semana" passado fora do contexto habitacional semanal e onde a Missa não consta do programa ou a hora da celebração não é compatível com o estilo de vida próprio desse "Fim de Semana", como se pode constatar no quadro.

 

07-14 anos

15-24 anos

25-39 anos

40-54 anos

55-69 anos

70 e +

Homens

1246

1135

984

1863

3767

3494

Mulheres

1622

1787

2018

3926

6906

5684

   Total

2868

2922

3002

5789

10673

9178

7. O escalão etário " menos praticante" verifica-se nos homens entre os 25 e os 39 anos. No dia em que foi realizado o recenseamento celebraram o domingo 984 homens inseridos nesta idade e, destes, apenas comungaram 229.

8. Acontece quase o mesmo fenómeno com jovens do sexo masculino entre os 15 e os 24 anos. Nesse mesmo domingo registaram-se tão somente 1135 presenças. Destes comungaram apenas 360. Dados que devem causar certa preocupação pastoral em termos de prioridades evangelizadoras para o futuro.
Esta é a análise superficial e fria dos números. Compete agora a quem de direito valorizá-la pastoralmente, ver as causas e apontar as soluções.
Neste momento vale a pena repetir: E AGORA?

Pe. Octávio Sobrinho Alves