RPD - Braga

Acolher, interiorizar, integrar

Não é fácil elaborar um conjunto de considerações sobre o recenseamento da prática dominical quando os resultados dos censos não são definitivos. Há elementos que devem ser cruzados e só uma comparação criteriosa pode ser elucidativa.
Alguns elementos podem ser expostos à guisa de preâmbulo para um futuro estudo.

1 - Também na Arquidiocese de Braga se nota uma tendência para uma diminuição. Na verdade, em 1977 a percentagem era de 63,28, em 1991 de 51,99 e em 2001 de 40,90. Nota-se deste modo um decréscimo de 11,09.
Sem pretender interpretações benéficas, poderá ajudar a “compreender” esta mudança a possível alteração do tecido social da Arquidiocese. Na verdade, a população tem crescido e, com toda a probabilidade, com pessoas oriundas doutros ambientes. Em 1991 a população era de 848860 e em 2001 de 946990. Com mais de 7 anos notou-se aumento de 93721, ou seja, 762107 em 1991 e 855828 em 2001.
Por outro lado, este substancial aumento global de população coincide com notória diminuição dos grupos etários mais novos (até aos 25 anos), o que confirma uma forte imigração de adultos para a área da Diocese; neste período, a faixa dos 25 e mais anos aumentou em mais de 134.000 unidades, ou seja, diferentes contextos socio-religiosos de origem podem ajudar a explicar a baixa de efectivos praticantes na ordem dos mais de 46.000, apesar dos potenciais praticantes terem aumentado em perto de 94.000.

2 - Outro elemento comparativo permite reconhecer uma descida mais acentuada na idade entre os 15 - 24 e uma menor na idade entre os 7 - 14. Dos 7 aos 14 - 64,51 em 1991 e 56,56 em 2001 numa variação de 7,95. Dos 15 a 24 - 47,90 em 1991 e 34,14 em 2001 com um decréscimo de 13,76. Dos 25 para cima 52,23 em 1991 e 40,27 em 2001 com uma nova variação de 9,96.

3 - Não podendo tirar, por agora, resultados conclusivos quanto ao sector da idade mais avançada uma vez que não foi possível identificar o verdadeiro número dos idosos que, hipoteticamente, se mostravam impossibilitados, teremos de nos confrontar com a verdade da variação encontrada entre os 15 e 24 anos.
A opção pela Pastoral Juvenil, como Plano Pastoral, para os próximos três anos, está a consciencializar as comunidades sobre a real situação dos jovens que se prepararam para a celebração do crisma e sobre a verdadeira continuidade na vivência dos compromissos assumidos.
Dois dados devem ser equacionados: a saída dos nossos jovens para outros ambientes e a qualidade das celebrações. Muitos ausentam-se por razões de estudo; outros não se sentem motivados e atraídos pelas celebrações.

4 - Não ousamos, neste momento, tecer considerações sobre a comparação entre sexos e a percentagem dos comungantes. Os dados de que dispomos ainda não permitem conclusões sérias.
A dificuldade em estabelecer estes dados deve-se ao facto da não coincidência dos Distritos com as Dioceses. Na verdade, o resultado de Vila Nova de Famalicão conta com a população de 5 freguesias do concelho de Santo Tirso, o concelho da Póvoa de Varzim é todo do distrito do Porto e a diocese ainda engloba 10 freguesias de Vila do Conde.

5 - A não existência de celebrações do domingo sem eucaristia e a redução do número das missas e dos lugares de culto pode ser explicação para a diminuição em alguns locais tipicamente marcados por um envelhecimento da população devido à crescente desertificação. O litoral cresce e o interior diminui sem a consequente inserção na comunidade que acolhe.
As comunidades terão de investir no acolhimento e no esforço por uma maior integração e a Arquidiocese necessita de regulamentar a celebração do domingo sem eucaristia, em determinados lugares, apostando na preparação e formação de leigos para o efeito.
O comodismo e um acentuado campanilismo, como expressão errada de um bairrismo sadio, explicam a rotina da frequência num único local sem a consciência assumida de uma necessidade interior.

6 - O relativismo da modernidade torna, para muitos que se afirmam cristãos, a atitude de substituir o compromisso por qualquer acontecimento que é interpretado como prioritário. Como consequência da caminhada preparatória do Sínodo elaborámos um trabalho que se tornou referência nas Assembleias Sinodais. Quando os dados se tornarem mais consistentes continuaremos o referido estudo no intuito de comparar e extrair as consequências oportunas para a pastoral arquidiocesana (cf. Cadernos Sinodais III, pág. 137-262).

D. Jorge Ortiga,
Arcebispo de Braga

Variação da População e da Prática Dominical, por níveis etários

 

População

Variação População

Praticantes

Variação Pratic.

Percent. de Praticantes

Variação perc.

Idades

1977

1991

2001

(91-77)

(01-91)

1977

1991

2001

(91-77)

(01-91)

1977

1991

2001

(91-77)

(01-91)

7 a 14

139052

121143

91190

-17909

-29953

107196

78145

51579

-29051

-26566

77,09

64,51

56,56

-12,58

-7,94

15 a 24

149428

164955

154454

15527

-10501

87329

79012

52731

-8317

-26281

58,44

47,90

34,14

-10,54

-13,76

25 e +

364256

476009

610184

111753

134175

218551

239100

245703

20549

6603

60,00

50,23

40,27

-9,77

-9,96

Total

652736

762107

855828

109371

93721

413076

396257

350013

-16819

-46244

63,28

51,99

40,90

-11,29

-11,09