Sínodo 2021-2023: Influenciadores e missionários digitais pedem aposta em pastoral própria

Relatório recolheu 110 mil respostas em sete línguas, incluindo o português

Cidade do Vaticano, 19 set 2022 (Ecclesia) – Mais de 110 mil pessoas responderam a um questionário online promovido por 244 “influenciadores” e missionários digitais, para o Sínodo 2021-2023, sublinhando a importância de uma pastoral própria para este setor.

“Foi verdadeiramente uma graça de Deus, muito importante, que mostra a necessidade de a Igreja cuidar cada vez mais do continente digital com uma Pastoral Digital organizada e sistemática, a fim de apoiar os missionários digitais”, indica o relatório conclusivo da iniciativa, divulgado pelo portal de notícias do Vaticano.

A iniciativa ‘A Igreja escuta-te’ foi promovida pelo Dicastério para a Comunicação, da Santa Sé, e a Rede Informática da Igreja na América Latina, tendo recolhido contributos em sete línguas, incluindo o português.

Um dos responsáveis convocados foi o padre Paulo Duarte, jesuíta português, para quem “os resultados podem ser muito importantes no contributo para a reflexão sobre a comunicação digital em e na Igreja”.

O relatório destaca a “verdadeira relação humana e cristã entre os influenciadores/evangelizadores digitais e os seguidores”.

“Não basta utilizar a rede, ela deve ser compreendida, deve ser habitada, com sua linguagem e sua dinâmica, porque o que não se assume não é redimido”, pode ler-se.

Segundo os responsáveis pela iniciativa, a consulta online teve uma “significativa participação de pessoas afastadas, não praticantes, agnósticos e ateus”.

No total, foram recebidas 150 mil propostas, agrupadas em quatro eixos temáticos, como a necessidade de “orientação diante de uma realidade confusa e em rápida evolução”.

“É constantemente repetida a petição para não julgar, especialmente, as pessoas em situações de união irregular, ou de orientação sexual diferente, defendendo a dignidade de cada pessoa, como o fez Jesus”, indica o relatório.

Os participantes pedem que os cristãos sejam “mais autênticos no seu comportamento para com os outros” e que a Igreja viva de forma mais “coerente e corajosa”.

Do documento surge o desejo de “um novo perfil e uma nova atitude da parte dos sacerdotes e bispos, sendo mais próximos e mais abertos à participação”, promovendo a missão dos leigos, especialmente das mulheres.

Quanto ao mundo digital, sublinha-se o seu potencial para a “formação na fé”, integrando os “influenciadores/evangelizadores digitais como um canal formativo de valor e futuro”.

“A proposta é que a Igreja tenha uma Pastoral Digital orgânica, sistemática e institucional”, acrescenta o relatório.

Já esta quarta-feira, vai ser apresentado no Vaticano o resultado da consulta sinodal a pessoas com deficiência, nos cinco continentes, intitulada ‘A Igreja é a nossa casa’, que vai ser entregue ao Papa.

O Sínodo 2021-2023 foi convocado por Francisco e começou com uma etapa local, nas várias dioceses e movimentos católicos, que resultaram num relatório nacional, enviado para o Vaticano; a segunda fase é a chamada “etapa continental”, que vai produzir nova reflexão, antes do encontro mundial presidido pelo Papa, em outubro do próximo ano.

OC

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