Portugal/Política: Dignidade de cada pessoa tem de estar no «centro» das preocupações – Movimento Acção Ética

Victor Gil, cardiologista, sublinha necessidade de criar plataformas de diálogo e entendimento para assegurar direitos essenciais

Foto: Agência ECCLESIA/OC

Lisboa, 11 fev 2024 (Ecclesia) – O Movimento Acção Ética (MAE) lançou um conjunto de perguntas aos candidatos à Assembleia da República, tendo em vista as legislativas de 10 de março, pedindo que a dignidade de cada pessoa seja o “centro” da ação política.

“Tem de se colocar a pessoa humana no centro, tem de se colocar a pessoa humana no foco. A dignidade dessa pessoa”, refere o cardiologista Victor Gil, que integra o movimento criado em janeiro de 2021, na entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença, emitida e publicada aos domingos.

No Dia Mundial do Doente, que a Igreja Católica assinala anualmente a 11 de fevereiro, o médico admite que a “acessibilidade” aos cuidados de saúde, em Portugal, é “muito complicada”.

“A personalização dos cuidados, o respeito pela dignidade da pessoa humana em qualquer das circunstâncias, são coisas que nem sempre são colocadas no topo das prioridades e devem ser”, adverte.

O membro do MAE sublinha que, do ponto de vista do movimento, é “absolutamente indiferente” se o Estado tem exclusividade dos serviços de saúde, apelando à “procura de sinergias, de complementaridade, da tal subsidiariedade”.

“As pessoas que têm organizações, que prestam cuidados de saúde privados, não são necessariamente organizações de malfeitores”, prossegue Victor Gil, defendendo que “quem está no centro é a pessoa que precisa de cuidados”.

O entrevistado entende que é necessário “sentar à mesa os vários intervenientes e tentar encontrar complementaridades” entre os vários sistemas, na saúde.

Se houver plataformas de entendimento que tenham como centro a pessoa humana que está a sofrer e que precisa de ajuda, então talvez haja aqui também possibilidade de se resolver de uma forma mais eficaz o problema”.

Questionado sobre o processo de legalização da eutanásia em Portugal, ainda sem regulamentação, Victor Gil afirma o princípio do “respeito absoluto pela vida em todas as circunstâncias”.

“Para uma pessoa isolada, em sofrimento, sem apoio, sem enquadramento, talvez a solução mais imediata para essa pessoa seja querer morrer e talvez a solução mais cómoda para o sistema seja facilitar isso”, alerta.

Para o cardiologista, é preciso sublinhar que “o sofrimento também tem dignidade” e que “a vida é um bem”.

“As pessoas têm de ser enquadradas, têm de ser amparadas, têm de ser acompanhadas”, acrescenta.

O MAE pede políticas mais amigas das famílias, o que “envolve o acesso à habitação, salários mais adequados do que existem neste momento”.

A entrevista abordou o tema da imigração, sublinhando o papel de pessoas que “vêm trabalhar e ajudar a construir riqueza para o país” e rejeitando o “favorecimento de populismos e de alguma demagogia”, neste campo.

“Assumir que nós, portugueses, originais, somos um povo em desaparecimento também é uma coisa que nos custa muito”, lamenta Victor Gil, no entanto, ao lembrar a “completa descaracterização que existe nalgumas regiões de países da Europa”.

Apontando aos casos judiciais que marcam a atualidade nacional, nas últimas semanas, o membro do MAR fala no “direito de exigir verdade”, pedindo que as organizações políticas assumam “mecanismos” para evitar manipulações e mentiras.

“É qualquer coisa de muito profundo, que está também na origem de um desconforto ético que todos sentimos em relação a isso”, aponta.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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