JMJ Lisboa 2023: Da conversão tardia ao encontro com o Papa – Beatriz Lisboa quer falar da «Igreja casa» e pedir aos jovens que procurem a verdade

Estudante de Filosofia vai dirigir-se ao Papa Francisco a 3 de agosto, na UCP

Foto: Agência ECCLESIA/LS

Lisboa, 30 jul 2023 (Ecclesia) – Beatriz Lisboa, estudante de Filosofia, no Centro Regional de Braga, na Universidade Católica Portuguesa, vai falar ao Papa Francisco sobre a sua história, num encontro marcado para a sede da instiuição, em Lisboa, na manhã de 3 de agosto.

“O sentido da minha vida aponta para o futuro. Tenho crescido muito em esperança. Vejo possibilidades concretas de vida, caminhos de salvação para o Homem, dos quais posso participar”, conta à Agência ECCLESIA a jovem de 27 anos, .

“Dá-me muita esperança e, por isso, alegria, experimentar que o crescente sentido de pertença à Igreja – ou seja, a uma comunidade específica – me possibilita amar cada vez mais como Deus, num estilo de vida muito concreto e diferente do de tantos, que ao mesmo tempo, se revela numa crescente comunhão com quem quer que seja”, reforça a estudante.

Beatriz fez uma aproximação paulatina à Igreja Católica e só em 2015 assume uma “conversão”, que chama de tardia, mas a jovem sente que tudo se foi encaminhando na sua vida até ao momento que está a viver.

Ao olhar para a sua história, Beatriz constata, a sorrir, que em 2014, o convite para estar com o Papa Francisco, “nunca ia chegar”.

Em termos de contexto, este convite nunca me chegaria, pois eu não estava integrada na Igreja como estou agora. Ao mesmo tempo, o que vai alimentando esta busca é o que me alimentava antes da conversão. Ser fiel a mim própria para perseverar na busca pela verdade, agora com outras ferramentas e com a oração, acima de tudo. Sinto que o espírito com que vivo as coisas, vem do mesmo lugar. A semente já lá estava, foi crescendo. A conversão é de recomeços e na verdade nunca termina”.

Antes de rumar a Braga, Beatriz passou pela Faculdade de Letras, levando consigo a formação em Estudos Gerais, mas em determinado ponto da sua vida, considerou que era importante dar lugar na sua vida ao silêncio e escutar a perguntas que a acompanhavam, tendo decido fazer uma experiência de vida na Casa Velha, em Ourém, um espaço de espiritualidade e ecologia.

“Cresci muito ao longo destes quatro anos e neste ano de estudo de Filosofia. Cresceu em mim um grande sentido de pertença à Igreja. Toda esta etapa que vivi antes de estar em Braga, na Casa Velha, foi essencial para tudo o que estou a viver agora. A suavidade na ação com que estou agora a viver, o aproveitar as oportunidades que me foram oferecidas, tudo vem daí. Foi um tempo de enraizamento e agora a árvore desenvolve”, conta.

Ao olhar para os jovens que tal como ela, em 2014, procuram sentido para a sua vida, Beatriz Lisboa pede que procurem a verdade e não tenham medo de investir na razão das coisas.

“Estando a estudar Filosofia e estando a desenvolver a racionalidade, percebendo que a razão está em crise nos dias de hoje e a tónica da nossa existência e das nossas decisões está muito assente nos sentimentos, vejo como somos chamados à integralidade. Vou confirmando o olhar sobre a razão como um grande potencial de evangelização. E nesse sentido, não só estamos a fazer um bem às pessoas, como é a ferramenta fundamental para entrar em diálogo, sabermos conversar e nos entendermos”, conta.

Foto: Agência ECCLESIA/LS

“Convido quem faz uma busca honesta e perseverante da verdade, a que não se iniba de procurar razões para as suas crenças. Dêem, razões da fé; todos temos crenças e podemos conversar sobre elas, conversar com o diferente para falar sobre a vida. Todos temos legitimidade à nossa liberdade de consciência e Deus é o primeiro a não violá-la, a respeitá-la. Um professor meu diz «Deus nunca pede uma irracionalidade» e acho que isso é muito verdade”, acrescenta.

A ecologia e a solidariedade são áreas onde os jovens fazem pontes com a sociedade e Beatriz indica que estas são dimensões fundamentais na Igreja.

“Se há um desejo de integração com a criação, e uma procura para viver com os limites da natureza, há um potencial enorme de descoberta de um caminho. Essa integração desperta em nós um sentido de gratidão. Quando descobrimos que o mundo, a criação e a natureza cuida de nós, e foi a forma que Deus encontrou para nos sustentar, então eu passo a cuidar, muito para além de pequenas práticas, com um sentido de gratidão mais amplo e aberto a sacrifícios que já percebemos são necessários fazer na sociedade”, indica.

A jovem, que no dia 3 de agosto vai estar com o Papa Francisco, sublinha ainda a importância de dialogar:

“Na Igreja é importante aprender a conversar. Quando conversamos não temos de alterar as nossas posições para escutar o outro; não está em causa alterar doutrina. É a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, exercer até a compaixão. A capacidade de dialogar associa-me ao outro, não às suas ideias; o que está em jogo é a minha vontade de estar ao seu lado, e há uma grande riqueza no encontro”, finaliza.

LS

Lisboa 2023: Mahoor Kaffashian, estudante iraniana, conta a sua história ao Papa (c/vídeo)

«Novas conversas»: Um ano para «escutar» e «contemplar talentos» – Beatriz Lisboa (c/vídeo)

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