Sínodo 2021-2023: Sinodalidade «implica recetividade à mudança, formação e aprendizagem permanente», indica Arquidiocese de Évora

Documento com a síntese da fase de auscultação local indica que a Igreja tem de utilizar uma «linguagem mais clara e mais autêntica, que seja mais testemunhal»

Évora, 19 jul 2022 (Ecclesia) – A Arquidiocese de Évora publicou a sua síntese sinodal do processo lançado em 2021 pelo Papa Francisco, assinalando que sinodalidade “implica recetividade à mudança, formação e aprendizagem permanente” e identifica aspetos positivos e negativos.

“A participação em grupos de catequese, de reflexão e de programação pastoral tem feito descobrir como é importante a oração com que se iniciam as reuniões e o diálogo sobre os temas propostos. Quando os grupos são chamados a tomar decisões procura-se que elas sejam tomadas em conjunto”, lê-se no documento enviado para a Agência ECCLESIA.

A equipa sinodal da Arquidiocese de Évora assinala, na Síntese Sinodal, que se percebe que “ainda há que caminhar muito no exercício do diálogo, da escuta e da formação”, que parece ter abrandado nos últimos anos, observando que há muitas pessoas que se identificam com os ideais do Evangelho, “mas não com a conduta da Igreja”.

Segundo a informação recolhida, entre os meses de outubro de 2021 a junho, a Igreja tem “dificuldade” em comprometer-se com os jovens, que “dizem que são pouco escutados” e anseiam por uma Igreja que “seja capaz de os escutar”, capaz de se comprometer e que lhes permita que ocupem o seu lugar

“A Igreja tem de utilizar uma linguagem mais clara e mais autêntica, que seja mais testemunhal do que retórica, que vá mais ao encontro da vida das pessoas do que das preocupações pelas vestes e pelos ritos. Há que investir mais numa formação para o diálogo e a escuta que levem a conversar abertamente sobre todas as questões da vida da Igreja e da comunidade local procurando enfrentar e dar resposta aos problemas”, desenvolve.

A síntese sinodal da Arquidiocese de Évora indica também que outra área de formação deve ter como objetivo a “integração dos vários setores da vida da Igreja” para facilitar uma compreensão mais global e um compromisso de todos, “ultrapassando a visão particularista que se preocupa só com o que cada um, ou cada grupo, ou cada movimento faz”.

O acolhimento e a integração, por exemplo, devem passar também pelos que vivem em “situações familiares complicadas”, por exemplo, as famílias monoparentais, os divorciados recasados, as uniões de facto e as pessoas com orientação sexual diferente.

“Nota-se que fazem falta testemunhas de amor a Deus e à Igreja. Qualquer diálogo e participação tem que partir de um coração voltado para Deus e para os outros. A sinodalidade não se constrói com discursos ou críticas constantes. É preciso amar a Igreja mesmo que ela não faça o que cada um quer”, desenvolve.

Na Arquidiocese de Évora, sente-se que a comunidade “está a perder importância” e a fé é essencialmente vivida individualmente, “antes, havia uma cultura católica dominante, mas que se vai desvanecendo”, e o diálogo com os diferentes setores da sociedade “existe e é, em muitos casos, uma mais-valia para ambos os lados”, mas ainda subsiste, e por motivos ideológicos, “alguma desconfiança e mesmo contraposição entre as esferas da política e da Igreja”.

Na celebração do Domingo de Pentecostes, a 5 de junho, realizou-se em Évora a ‘Assembleia Pré-Sinodal’ onde foi apresentada a síntese das reflexões.

O Sínodo 2021-2023, com o tema ‘Para Uma Igreja Sinodal: comunhão, participação, missão, está a promover um processo global de escuta e mobilização das comunidades católicas, com etapas diocesanas, nacionais e continentais, antes da assembleia que o Vaticano vai receber, em outubro de 2023.

CB

 

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