JMJ 2023: Da prisão ao ponto mais alto do Patriarcado, símbolos peregrinaram em «periferias» do Cadaval

Cruz peregrina e ícone mariano estão na reta final de um percurso que passou por todas as dioceses portuguesas

Lisboa, 10 jul 2023 (Ecclesia) – Os símbolos da JMJ percorreram, na Paróquia do Cadaval, as “periferias” escolhidas pelos jovens, passando este sábado pela Prisão de Vale de Judeus e pelo ponto mais alto do Patriarcado de Lisboa, a Serra de Montejunto.

O padre Ricardo Jacinto, pároco local, sublinha à Agência ECCLESIA que as indicações foram sempre que os símbolos “fossem prioritariamente àqueles que não vão à Jornada Mundial da Juventude, para que também se sintam integrados”.

Para o responsável, a visita da Cruz peregrina e do ícone de Nossa Senhora ‘Salus Populi Romani’ a idosos ou presos é um sinal dessa vontade, com “momentos de oração e de festa”.

“Há emoção e espanto: é uma cruz que já viajou mais de 90 países, que percorre o mundo há 40 anos, por indicação expressa de São João Paulo II. Tê-la aqui, connosco, é uma emoção e uma responsabilidade”, acrescenta o sacerdote.

O pároco do Cadaval, que é capelão do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, conta que os reclusos ficaram felizes por serem incluídos no percurso desta peregrinação e terem podia transportar os símbolos.

“Sentirem-se notados, que os símbolos da JMJ vão até eles, é uma grande emoção”, indica.

Depois desta etapa, a cruz e o ícone mariano subiram até à Serra de Montejunto, momento antecedido por um concerto e a oração na capela da Senhora das Neves.

Foi no ponto mais alto do Patriarcado de Lisboa, já ao pôr do sol, que os símbolos foram entregues à Vigararia (conjunto de Paróquias) de Torres Vedras.

Adriana Moleiro, do Comité Organizador Diocesano (COD) de Lisboa para a JMJ 2023, disse à Agência ECCLESIA que este tem sido “um caminho de muito trabalho, cooperação, e também de muita alegria”.

A jovem, que participou nas edições da JMJ de Madrid (2011) e Cracóvia (2016), sublinha que “a Jornada vem mesmo até cada um”, mostrando-se emocionado por ter podido acompanhar os símbolos na visita à prisão.

“Foi, sobretudo, uma experiência de comunhão entre irmãos”, relata.

Juliana Henriques, responsável do Comité Organizador Vicarial da Lourinhã, alude à importância de se ter promovido um programa “muito diverso”, que foi a escolas e lares, juntando crianças e idosos em várias atividades.

“Conseguimos chegar, um pouco, a todos, dos zero aos 100”, acrescenta, falando numa “lufada de ar fresco” na preparação para o encontro mundial em Lisboa.

Iris Bernardes, escuteira no Agrupamento de Alguber (Cadaval), é voluntária paroquial num “momento muito importante”, em que se prepara para participar pela primeira vez numa Jornada Mundial da Juventude.

“Decidi aventurar-me nesta nova etapa”, aponta.

Foto: COD LIsboa

Este domingo, na Praia do Norte, a peregrinação dos símbolos da JMJ contou com a bênção dos surfistas, antes de um percurso acompanhado por ciclistas, em Torres Vedras, que antecedeu a entrega da cruz e do ícone mariano à Vigararia de Mafra.

Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude iniciaram em outubro de 2021 a sua peregrinação por todas as dioceses portuguesas, antecipando o encontro internacional promovido pela Igreja Católica que Lisboa recebe de 1 a 6 de agosto de 2023.

CB/OC

Os símbolos foram entregues pelos jovens do Panamá, onde decorreu a JMJ 2019, aos jovens de Portugal numa Eucaristia presidida pelo Papa Francisco, na Basílica de São Pedro, a 22 de novembro de 2020, solenidade litúrgica de Cristo Rei.

Apesar dos condicionalismos provocados pela pandemia, os símbolos da JMJ peregrinaram em Angola, entre os dias 8 de julho e 17 de agosto de 2021; na Polónia, entre os dias 21 de agosto e 1 de setembro; e em Espanha, durante a Peregrinação Europeia de Jovens, em Santiago de Compostela.

A próxima edição internacional da Jornada Mundial da Juventude vai decorrer em Lisboa, entre 1 e 6 de agosto de 2023, na primeira vez que Portugal acolhe a iniciativa.

As JMJ nasceram por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso do encontro promovido em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.

As edições internacionais destas jornadas promovidas pela Igreja Católica são um acontecimento religioso e cultural que reúne centenas de milhares de jovens de todo o mundo, durante cerca de uma semana.

A primeira edição aconteceu em 1986, em Roma, e desde então a JMJ já passou pelas seguintes cidades: Buenos Aires (1987), Santiago de Compostela (1989), Czestochowa (1991), Denver (1993), Manila (1995), Paris (1997), Roma (2000), Toronto (2002), Colónia (2005), Sidney (2008), Madrid (2011), Rio de Janeiro (2013), Cracóvia (2016) e Panamá (2019).

 

A Cruz peregrina

Com 3,8 metros de altura, a Cruz peregrina, construída a propósito do Ano Santo, em 1983, foi confiada por São João Paulo II aos jovens no Domingo de Ramos do ano seguinte, para que fosse levada por todo o mundo. Desde aí, a Cruz peregrina, feita em madeira, iniciou uma peregrinação que já a levou aos cinco continentes e a quase 90 países.

Foi transportada a pé, de barco e até por meios pouco comuns como trenós, gruas ou tratores. Passou pela selva, visitou igrejas, centros de detenção juvenis, prisões, escolas, universidades, hospitais, monumentos e centros comerciais. No percurso enfrentou muitos obstáculos: desde greves aéreas a dificuldades de transporte, como a impossibilidade de viajar por não caber em nenhum dos aviões disponíveis.

 

Ícone

Desde 2000 que a Cruz Peregrina é acompanhada pelo Ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani, que retrata a Virgem Maria com o Menino nos braços. Este Ícone foi introduzido também pelo Papa São João Paulo II como símbolo da presença de Maria junto dos jovens.

Com 1,20 metros de altura e 80 centímetros de largura, o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani está associado a uma das devoções mais populares marianas em Itália: é antiga a tradição de o levar em procissão pelas ruas de Roma, para afastar perigos e desgraças ou pôr fim a pestes. O ícone original encontra-se na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma, e é visitado pelo Papa Francisco que ali reza e deixa um ramo de flores, antes e depois de cada viagem apostólica.

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