Sudão do Sul: Missionário Comboniano espera que viagem do Papa desperte o mundo para guerra e crise humana no mais jovem país de África

Padre Raimundo Rocha aponta temas paz, reconciliação e desenvolvimento como prioridades de visita inédita

Foto: Cáritas do Sudão do Sul

Lisboa, 30 jan 2023 (Ecclesia) – O padre Raimundo Rocha, missionário Comboniano que trabalhou no Sudão do Sul durante sete anos, espera que a visita do Papa Francisco chame “a atenção do mundo” para a guerra e para a crise humana no mais jovem país de África.

“Essa visita vai chamar a atenção do mundo para a situação que vive o Sudão do Sul, para a crise humana e tudo vai contribuir para uma vida melhor. Essa é a nossa expectativa e esperança para toda a população”, disse o atual superior provincial dos Missionários Combonianos do Brasil, em declarações à Agência ECCLESIA.

Esta terça-feira, o Papa Francisco regressa ao continente africano para cumprir a promessa de visitar a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul, numa viagem apostólica que decorre até 5 de fevereiro, depois de ter sido adiada em julho de 2022, devido a problemas de saúde.

“Esta viagem apostólica foi sempre um desejo do Papa que tentou várias vezes: s viagem é uma peregrinação de paz, o Papa vai como peregrino, um promotor de paz”, assinalou o padre Raimundo Rocha.

O missionário Comboniano destaca que esta é “uma peregrinação de paz ecuménica”, já que o Papa Francisco visita o Sudão do Sul “com lideranças de outras Igrejas”, o primaz da Igreja Anglicana e o moderador da Igreja da Escócia (Presbiteriana), uma “ação conjunta na promoção da paz, do perdão e da reconciliação” de uma nação dividida “por tão longos anos de guerra”.

“Vai ser ocasião para chamar a atenção do mundo inteiro para os conflitos armados, para toda essa violência vivenciada por esta jovem e pobre nação. Reduziram os combates, mas a situação ainda é muito precária”, assinala o entrevistado.

O religioso trabalhou no Sudão do Sul, entre 2010 e 2017, acompanhou a independência da “nação mais jovem do mundo” do Sudão, a 9 de julho de 2011, e os “primeiros anos da guerra civil”, que começaram a 15 de dezembro de 2013, em Juba, a capital.

Neste contexto, o padre Raimundo Rocha partilha que a expetativa que tem na visita do Papa, em relação à Igreja Católica, é que “fortaleça a comunhão”, “mais vida e esperança para a Igreja que sofre no Sudão do Sul”, e fortaleça também “o ecumenismo das Igrejas Cristãs que estão a evangelizar”.

“Em relação à sociedade, a minha expectativa é que com a visita do Papa possa contribuir para promover a paz, a reconciliação e a união enquanto nação. Vai ser um momento de forte apelo para que os líderes levem mais a sério o fim da violência e a plena implementação do acordo de paz”, desenvolveu, salientando também o contributo para um “maior desenvolvimento do país em todas as áreas”.

O programa nos dois países – República Democrática do Congo e o Sudão do Sul -, onde os católicos representam cerca de 50% da população, prevê 12 discursos e homilias, em seis dias.

No caso do Sudão do Sul, o padre Raimundo Rocha destaca o momento celebrativo do Papa “com centenas de pessoas afetadas diretamente pela guerra”, que vão ser levadas dos campos de refugiados para ir ao encontro de Francisco, primeiro pontífice a visitar o país.

“Tenho certeza que o Papa gostaria de visitá-las nos campos de acolhimento e de proteção de civis, onde vivem desde o começo dos conflitos em 2013, porque transmitiria daria mais força e esperança”, acrescentou.

Dos sete anos que viveu neste país de África, o superior provincial dos Missionários Combonianos do Brasil partilha que o marcaram “a independência” do país, “um momento de muito jubilo”, em oposição com os primeiros anos da guerra civil, “momentos de muito sofrimento, muita angústia”.

“Era bonito ver a esperança no rosto das pessoas, aquele sorriso alegre que acreditava que tudo iria mudar, iria melhorar, depois de mais de 20 anos de guerra civil contra o Sudão, sonhar a viver em paz”, recordou.

OC/CB

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