2023: O ano do Papa (c/vídeo)

Viagens internacionais, JMJ em Lisboa e primeira sessão do Sínodo marcaram vontade de chegar a «todos, todos, todos»

Cidade do Vaticano, 30 dez 2023 (Ecclesia) – O Papa Francisco viveu um 2023 marcado por grandes encontros, que incluíram a celebração da JMJ em Lisboa, e problemas de saúde, com dois internamentos e uma operação.

O ano começou com a despedida a Bento XVI, falecido a 31 de dezembro de 2022, com 95 anos de idade: milhares de pessoas acorreram à Praça de São Pedro, no dia 5 de janeiro, para o último adeus, sob a presidência de Francisco.

A 31 de janeiro, o Papa partiu para a República Democrática do Congo, numa missão de paz, seguindo depois para o Sudão do Sul, numa visita ecuménica.

O conflito na Ucrânia, após a invasão russa de 24 de fevereiro de 2022, continuou na ordem do dia e foi o tema central da intervenção de Francisco na bênção ‘Urbi et Orbi’, na Páscoa.

Nos últimos meses, o cardeal Zuppi, enviado do Papa para missão de paz na Ucrânia, passou por Kiev, Moscovo, Washington e Pequim.

O próprio Francisco visitaria a Hungria, em abril, com atenção particular ao conflito no leste da Europa e à crise dos refugiados.

A terceira viagem internacional do ano trouxe o Papa a Portugal, de 2 a 6 de agosto, onde presidiu à Jornada Mundial da Juventude 2023, em Lisboa, e visitou o Santuário de Fátima, reforçando as suas intervenções em favor de uma Igreja mais aberta.

“Jovens e idosos, sãos, doentes, justos e pecadores. Todos, todos, todos! Na Igreja, há lugar para todos”, disse, no primeiro encontro com peregrinos, que decorreu no Parque Eduardo VII.

Mais de 1,5 milhões de pessoas viriam a participar nas celebrações conclusivas, acolhidas pelo renovado Parque Tejo.

30 dias depois, Francisco fez uma visita inédita à Mongólia, onde destacou a responsabilidade das religiões na pacificação dos conflitos e a importância da coerência no testemunho, deixando ainda uma saudação particular ao povo da China.

A quinta viagem internacional de 2023, a 22 e 23 de setembro, levou o Papa a Marselha, com os olhos postos no Mediterrâneo, marcado por naufrágios, tráfico de pessoas e campos de detenção, às portas da Europa.

Este foi o ano em que Francisco decidiu criar 21 cardeais, incluindo D. Américo Aguiar, atual bispo de Setúbal e presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, num Consistório celebrado a 30 de setembro.

De de 4 a 29 de outubro, o Papa presidiu à primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, um processo lançado em 2021 e que prossegue em 2024, visando “uma Igreja que acolhe”, aberta a “todos, todos, todos”, apesar das críticas que tem recebido.

A preocupação com a guerra entre o Hamas e Israel tem marcado as intervenções de Francisco, que presidiu a uma “jornada de oração, jejum, penitência”, a 27 de outubro, pela paz na Terra Santa.

Em busca de soluções de paz, o Papa conversou telefonicamente com os presidentes da Autoridade Palestina, dos EUA, da Turquia e do Irão, além de se ter encontrado com familiares de vítimas israelitas e palestinas.

A 4 de outubro foi publicada a exortação ‘Laudate Deum’, que deu continuidade à reflexão sobre ecologia integral lançada em 2015, alertando para um “ponto de rutura” na crise ambiental.

O texto visava preparar a COP28, no Dubai, onde se fez anunciar a presença de Francisco, cancelada por motivos de saúde – sendo o seu discurso lido pelo secretário de Estado do Vaticano.

Já em recuperação da bronquite, o Papa recebeu, a 30 de novembro, uma delegação da JMJ Lisboa 2023.

A mensagem de Natal, antes da tradicional bênção ‘urbi et orbi‘ de 25 de dezembro, Francisco apelou ao fim do conflito entre Israel e Palestina, falando numa situação humanitária “desesperada”.

“Suplico que cessem as operações militares, com o seu horrível rasto de vítimas civis inocentes, e que se ponha remédio à desesperada situação humanitária, possibilitando a entrada das ajudas”, declarou, desde a varanda da Basílica de São Pedro.

Aos 87 anos de idade, completados no último dia 17 de dezembro, Francisco é o terceiro pontífice mais velho a governar a Igreja, nos últimos 700 anos.

Nos últimos meses, o Papa esteve internado duas vezes no Hospital Gemelli: durante quatro dias, devido a uma infeção respiratória, com alta a 1 de abril; e durante dez dias, em junho, para uma operação hérnia abdominal.

Numa entrevista ao canal mexicano ‘N+’, o pontífice disse estar a recuperar bem dos problemas de saúde, apontando já a possíveis viagens em 2024, como a Bélgica, a Argentina ou a Polinésia.

O novo ano começa com a celebração do Dia Mundial da Paz e uma reflexão dedicada à inteligência artificial, em que Francisco alerta para os riscos da utilização da inteligência artificial em contexto militar, apelando à aplicação das tecnologias em áreas que promovam o desenvolvimento humano.

Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, capital da Argentina, a 17 de dezembro de 1936; o religioso jesuíta foi criado cardeal por São João Paulo II a 21 de fevereiro de 2001.

A 13 de março de 2013, o então arcebispo de Buenos Aires foi eleito como sucessor de Bento XVI, assumindo o inédito nome de Francisco; é o primeiro Papa jesuíta na história da Igreja e também o primeiro pontífice sul-americano.

OC

Em 2023, a nível interno, o Papa renovou o Conselho dos Cardeais e prosseguiu as reformas financeiras no Vaticano, visando maior rigor na administração, além de ter modificado o estatuto canónico das prelaturas pessoais.

O combate aos abusos sexuais foi outro tema em destaque, tendo sido renovados os procedimentos para prevenir e tratar os casos que atingem as comunidades católicas.

Francisco esteve num programa da televisão italiana (RAI) e aceitou um convite da ‘Disney Plus’ para falar com jovens sobre temas como abusos de menores, feminismo, racismo, sexualidade ou o papel da mulher na Igreja.

Em outubro, foi lançado o livro-entrevista ‘Non sei solo. Sfide, risposte, speranze’ (Não estás só. Desafios, respostas, esperanças), conversa conduzida pelos jornalistas Francesca Ambrogetti, ex-responsável da Agência Ansa na Argentina, e Sergio Rubin, do jornal ‘El Clarin’, que em 2010 publicaram o livro ‘El jesuita’ (2010), sobre a vida e pensamento do então arcebispo de Buenos Aires, cardeal Jorge Mario Bergoglio.

 

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