Migrações: Cáritas Europa pede «acolhimento digno» e afirma que migrantes «não são ameaça ou arma política»

No Dia Internacional dos Migrantes rede Cáritas lembra «momento desafiante» que Europa atravessa e critica «políticas de medo e rejeição»

Lisboa, 18 dez 2021 (Ecclesia) – A Cáritas Europa pede aos decisores políticos que encontrem “mecanismos” que permitam a mobilidade humana e que “os migrantes possam ter um acolhimento digno e não serem vistos como uma ameaça ou armas políticas”.

“As pessoas em movimento são seres humanos que cruzam fronteiras por diversos motivos – proteção, trabalhar, estudar, reunir-se com familiares, entre outros. Devem ser tratados com dignidade e não com desprezo. São necessários caminhos regulares e seguros para a Europa, em vez de violência e muros cada vez mais altos”, escreve a Cáritas num comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

Por ocasião do Dia Internacional dos Migrantes, a Cáritas Europa lembra o “momento desafiante” que o continente atravessa, “onde as políticas de medo e rejeição dominam e frequentemente matam”.

“Naufrágios fatais no Canal da Mancha e no Mar Mediterrâneo, pessoas usadas como peões na fronteira com a Bielorrússia e abandonadas em florestas geladas às portas da União Europeia, as situações vividas ao longo da rota dos Balcãs são apenas alguns exemplos”, realça o comunicado.

A partir de um projeto na Cáritas Bélgica, que oferece apoio a menores desacompanhados da Eritreia, Sudão e Etiópia em trânsito através da Bélgica para o Reino Unido, Manou Ballyn, que coordena um projeto, conta o drama que as pessoas vivem.

“Muitos passaram pela Líbia, por exemplo, onde foram submetidos a violência sexual, escravidão e maus-tratos terríveis e muito traumáticos. Está longe de terminar na Europa – muitos relatam violência policial e roubo dos seus pertences pessoais”, relata.

A Secretária-Geral da Caritas Europa, Maria Nyman, afirma a importância de se ultrapassar o medo e “abraçar a mobilidade humana como um fenómeno natural que deve ser facilitado de forma organizada”.

“As pessoas sempre cruzaram fronteiras, seja para encontrar paz, amor ou melhores oportunidades, e isso não vai parar, por mais altas que sejam as cercas. Pedimos uma mudança drástica nas políticas de migração: em vez de financiar paredes caras e militarizar as nossas fronteiras para impedir a movimentação de pessoas, vamos investir em caminhos seguros e regulares, centros de receção dignos e sociedades mais acolhedoras que facilitem a inclusão social para o bem comum”, afirma.

A rede Cáritas, em Portugal e na Europa, apela aos líderes europeus para que “resistam às tentativas de dissolver a Convenção dos Refugiados, legalizar pushbacks e introduzir exceções à legislação da UE, esta última recentemente proposta pela Comissão Europeia em relação à Polónia, Lituânia e Letónia”.

A Cáritas lembra ainda as palavras do Papa Francisco, durante a sua visita a Lesbos, onde lamentava as “condições indignas de seres humanos” e pedia que os problemas fossem resolvidos “não com muros altos, mas unindo esforços para cuidar, segundo as possibilidades concretas de cada um e no respeito pela lei, sempre dando primazia ao valor inalienável da vida de cada ser humano”.

LS

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