Sínodo: Participantes assumem mundo digital como «novo território de missão»

Relator-geral diz que internet mostra importância de seguir «caminho aberto» pelas novas gerações, em debate que evocou JMJ 2023

Foto: Ricardo Perna

Cidade do Vaticano, 13 out 2023 (Ecclesia) – O relator-geral da XVI Assembleia Geral do Sínodo apelou hoje ao desenvolvimento de um trabalho de inclusão, para “todos”, na Igreja, ao inaugurar a segunda fase dos trabalhos, iniciados no último dia 4.

“Vários oradores falaram do continente digital. Muitos de nós veem a internet simplesmente como um instrumento de evangelização. Ela é mais do que isso. Transforma as nossas maneiras de viver, de percecionar a realidade e de viver as relações. Torna-se assim um novo território de missão”, referiu o cardeal Jean-Claude Hollerich, na abertura da oitava reunião geral deste encontro.

O encontro desta manhã marcou o início da terceira etapa dos trabalhos, no Vaticano, abrindo o debate sobre o tema ‘Corresponsabilidade na Missão: Como partilhar melhor os dons e as tarefas ao serviço do Evangelho?’.

Usando o exemplo do mundo digital, o relator-geral destacou que a maior parte dos bispos não são “os pioneiros desta missão”, mas aqueles que “estão a aprender ao longo de um caminho aberto pelos membros mais jovens do Povo de Deus”.

Todos os batizados são chamados e têm o direito de participar na missão da Igreja, todos têm um contributo insubstituível a dar. O que é verdade para o continente digital é também verdade para outros aspetos da missão da Igreja”.

 

A reunião geral desta manhã contou com a intervenção da irmã XisKya Valladares, missionário digital e cofundadora do projeto iMisión, que começou por dar conta do projeto de escuta online desenvolvido desde 2021, o chamado ‘Sínodo Digital’.

250 missionários realizaram processos de escuta em 115 países, em sete línguas, chegando a mais de 150 mil pessoas.

Atualmente, indicou a religiosa, existem quase 2 mil missionários digitais, “muito poucos com apoio institucional”, mas o percurso realizado nos últimos dois anos levou à “criação da consciência da necessidade de missão digital”.

A irmã XisKya Valladares identificou a JMJ de Lisboa, em agosto, como um “momento muito importante nessa crescente tomada de consciência”, dado que a capital portuguesa acolheu o primeiro encontro digital de missionários digitais, com uma Missa e um Festival, reunindo 577 pessoas, de 68 países.

“A missão digital não é apenas um instrumento para levar a cabo a evangelização”, assinalou a religiosa, para quem o ambiente digital é “uma cultura”, com linguagens próprias.

Os participantes ouviram ainda José Manuel de Urquidi, fundador da ‘Juan Diego Network’, para quem “a missão digital é uma ponte entre dois mundos que pouco se conhecem”.

O especialista destacou que, “para a missão nos espaços digitais, não interessa se alguém é padre ou leigo, homem ou mulher, jovem ou idoso”, precisando que, dos 250 evangelizadores da primeira fase sinodal, 63% eram leigos.

“A nova Galileia do ambiente digital é um território ideal para uma Igreja sinodal, missionária, em que todos os batizados assumem a corresponsabilidade da evangelização”, acrescentou.

José Manuel de Urquidi deixou votos de que, no futuro, todas as dioceses tenham as suas “equipas de missionários digitais”, com o objetivo de “ir ao encontro do irmão que está em busca, sofrendo”.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos decorre até 29 de outubro, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

OC

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