Igreja/Media: Desinformação «ameaça» comunicação, mas «proximidade» e «literacia» são apostas para criar público informado

Diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa afirmou ser necessário valorizar a função «nobre» do jornalista

Foto: Agência ECCLESIA

Lisboa, 24 set 2021 (Ecclesia) – Nelson Ribeiro, diretor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa, disse hoje que a comunicação está “permanentemente ameaçada pela desinformação”, e alertou que “inconscientemente” cada cidadão participa nela e importa, por isso, promover a literacia informativa.

“Hoje há instrumentos ao nosso dispor para desmascarar a desinformação. Como sociedade precisamos apostar na formação dos cidadãos, no pensamento crítico para distinguir a desinformação da informação”, afirmou o conferencista, nas Jornadas Nacionais de Comunicação Social.

O responsável afirmou ser necessário “credibilizar as fontes” e valorizar a “função nobre do jornalismo”.

“O agradecimento é sobretudo um reconhecimento da importância que o jornalismo tem nas sociedades contemporâneas e a missão de impedir a proliferação de discursos de ódio e dos medos a inculcar nos cidadãos”, acrescentou.

O repto deixado pelo Papa Francisco aos jornalistas para «gastar a sola dos sapatos», é visto por Nelson Ribeiro como um investimento nas relações interpessoais: “As relações interpessoais influenciam o nosso dia a dia, precisamos de estar com os outros para criar comunidade e para desenvolvermos o nosso potencial cognitivo”, indica.

A defesa da liberdade de imprensa, sublinhou, é essencial para um “debate público esclarecido” e “um antídoto para o aparecimento de ditaduras”.

A partir do tema «Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são», o professor Nelson Ribeiro afirmou que a comunicação tem um nível “de conteúdo e também de relação”: “Quando descuramos a dimensão da relação, a comunicação deixa de acontecer”, e esse facto pode estar a abrir espaço para os influenciadores digitais.

“Os influenciadores digitais, que são produtores de conteúdos, constroem relação com os seus seguidores – na forma como comunicam, como se preocupam com os seguidores, como querem melhorar o seu estilo de vida. Até que ponto os jornalistas estão a descurar a sua capacidade de relação e, nesse sentido, a perder para os influenciados digitais?”, indagou.

O responsável valorizou a imprensa católica, pela proximidade que estabelece, e criticou a “referência” votada à imprensa nacional: “A imprensa local tem a capacidade de criar relações que deve ser aproveitada e potenciada”.

O professor Nelson Ribeiro criticou ainda o «copy paste» nas redações que investem tempo em noticiar “o que se encontra em outros locais” e não investem em contar histórias.

Foto: Agência ECCLESIA

“Se as redações tem hoje menos recursos, também é verdade que perdem muito tempo a fazer informação fotocópia que em pouco interessa o serviço público. Os meios que terão futuro são os que vão investir em contar histórias e não a contar as notícias que teremos acesso em outros locais”, sublinhou.

O diretor da FCH alertou para uma mudança de paradigma na comunicação: se antes era o cidadão que procurava a informação, hoje é informação que vai ao seu encontro, com “conteúdos elaborados por algoritmos, adequados ao tamanho dos telemóveis”, alertando para o facto de os “media sociais” potenciarem a perceção de uma opinião unânime e potenciadora de “desinformação”.

As Jornadas anuais promovidas pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais começaram esta quinta-feira e têm como tema ‘Zoom in, Zoom out. Confinamento e Comunicação”, e contaram com participação presencial e online.

LS

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