Publicações: «Os pombos da senhora Alice» e outras histórias de solidão nos idosos inspiraram livro de Ana Catarina André (c/vídeo)

Jornalista fala em «tristeza profunda» sentida pelos mais velhos, acentuada pela pandemia

Lisboa, 15 jul 2020 (Ecclesia) – A jornalista Ana Catarina André conta “histórias de solidão” no livro ‘Os pombos da senhora Alice – Envelhecer em Portugal’, falando num marco “muito significativo na vida” dos idosos.

“O ideal seria que houvesse outro tipo de resposta para esta solidão, que houvesse uma voz humana, uma presença humana para colmatar esta ausência, e este sentido também de tristeza profunda por não ter ninguém que a acompanhe e se preocupe com ela”, disse a autora à Agência Ecclesia.

No livro ‘Os pombos da senhora Alice, Envelhecer em Portugal’, publicado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, Ana Catarina André conta sobretudo “histórias urbanas”.

Quando começou a investigação, o objetivo era perceber “como é que os idosos vivem, que problemas é que têm, que dificuldades é que têm”.

“Apesar de este livro se centrar em histórias de solidão e terem traços desta tristeza, de problemas financeiros, de abusos por parte da família, a realidade dos idosos em Portugal é muito heterogenia. Não quero com este trabalho passar a imagem que todos os idosos em Portugal vivem infelizes, vivem longe da família, e têm um fim de vida triste”, salientou a entrevistada de hoje no programa ECCLESIA (RTP2).

No contexto da pandemia da Covid-19, que originou distanciamento social, Ana Catarina André considera que se acentuou mais a “questão da solidão e do isolamento” e a “tendência mais depressiva”.

’O que é que estou aqui a fazer? Por que é que Deus não me leva? Já não sirvo para nada”, são expressões que a autora “infelizmente” ouviu “mais vezes neste tempo”.

Os que estão em casa e são relativamente autónomos, falo com eles com frequência para saber como é que estão e como têm lidado com este isolamento forçado. A verdade é que muitos apresentam sinais de maior tristeza, e maior isolamento”.

Sobre o título da nova publicação ‘Os pombos da senhora Alice’, a autora explica que surgiu “um bocadinho por acaso”, no decorrer desta investigação, quando encontrou “uma senhora que se chama Alice, que não tem família, não tem amigos” e um dia mostrou “despojos de comida de animal”.

“Ela contou-me que todos os dias antes de sair de casa, para tomar o pequeno-almoço num café, isto foi tudo antes da pandemia, preparava comida, alpista, mas também pão, para dar aos pombos que entravam em sua casa todos os dias”, recordou.

Segundo a jornalista, esta é a estratégia que Alice tem para “se sentir menos sozinha e para ter alguma coisa para fazer quando regressa a casa”, uma vez que “o chão está sujo e ela tem de limpar e depois ainda tem de preparar a comida para o dia seguinte”.

Os pombos da senhora Alice, Envelhecer em Portugal’ conta histórias mais urbanas mas a jornalista também relata a vida de idosos que vivem na Serra do Açor, a norte de Coimbra, “pela voz, pela mão, pelos caminhos de uma padeira, que se chama Tucha,” e todas as semanas tira um dia “não só para vender pão a estes idosos mas, sobretudo, para lhes levar medicamentos, produtos do supermercado”.

Ana Catarina André, também diretora de comunicação da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 salienta que há uma expressão “muito bonita” do Papa Francisco que diz que “os idosos são o nosso futuro” e afirma que é preciso “inverter o prisma e olhar para os idosos como mais-valias e riquezas”, desde a infância, na forma como se ensina “as crianças a olhar para os mais velhos”.

PR/CB/OC

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