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Cónego Formigão: “É preciso haver quem faça reparação!”

26.05.2013

Apaixonada “missionária reparadora”, a pequena Jacinta terminou em Lisboa o seu amoroso holocausto “pelos pecadores, pelo Santo Padre e em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria”, um programa que também apaixonou o P. Manuel Formigão (Cónego capitular da Sé de Lisboa), “irmão espiritual” de Jacinta e que dela recebeu em testamento as palavras que Nossa Senhora deixou para lhe serem entregues: é preciso haver quem faça reparação!


Servo de Deus P. Manuel Nunes Formigão (1883-1958) «Jesus quer servir-Se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração». Estas palavras, ditas por Nossa Senhora a Lúcia (13 de Junho de 1917) bem podem ser, também, aplicadas ao Servo de Deus P. Manuel Nunes Formigão, ou Cónego Formigão (Tomar 1883-Fátima1958). Sobre ele assim falou o Bispo de Leiria D. João Pereira Venâncio: «Depois dos Pastorinhos, o Sr. Cónego foi o instrumento escolhido por Nossa Senhora para garantir a autenticidade desses acontecimentos [de Fátima]». Jovem de vinte anos, piedoso e brilhante, Manuel Formigão foi enviado para Roma; na Gregoriana fez doutoramento em Teologia e Direito Canónico. Em Roma recebeu a ordenação sacerdotal no dia 4 de Abril de 1908. Tinha 26 anos. Passou o Verão seguinte, como servita, no Santuário de Lourdes. Naquele Santuário fez a Nossa Senhora a promessa de consagrar toda a vida à difusão do seu culto em Portugal. O cardeal Belo, Patriarca de Lisboa, colocou-o no Seminário de Santarém, como professor de Teologia. Visando o apostolado entre os jovens, o jovem doutor lecciona também no Liceu de Santarém, no Colégio de S. José e é capelão na cidade. A revolução republicana veda-lhe toda a acção religiosa, mas no P. Formigão opera o sentido prático dos apóstolos: funda a Associação Nun’Álvares; com espírito pedagógico e apostólico organiza eventos culturais e viagens com os estudantes. 1917. Os acontecimentos da Cova da Iria haveriam de mudar completamente a sua vida. O P. Formigão foi lá, como observador, enviado pelo Patriarcado. Muito céptico, esteve na Cova da Iria em 13 de Setembro de 1917. Mas… foi a Aljustrel logo no dia 27 para interrogar os videntes. Voltou à Cova da Iria no dia 13 de Outubro e de novo a Aljustrel para novos interrogatórios nos dias 11, 13 e 19 de Outubro e 2 e 3 de Novembro de 1917. Em contacto directo com os Videntes, o seu cepticismo desmorona-se. Alicerçado nos interrogatórios efectuados e oculto sob o pseudónimo de Visconde de Montelo, elabora uma obra literária de apostolado e divulgação da Mensagem de Fátima através de jornais e livros (cerca de dez títulos). É o P. Formigão quem faz as diligências para a aquisição dos terrenos da Capelinha e primitivo recinto. Foi um amigo afectuoso e seguro dos três pequenos, nesses tempos difíceis. É ele quem promove a Associação dos Servitas (1924), e, com a Ala do Santíssimo Rosário, o futuro Movimento da Mensagem de Fátima. Ao P. Formigão entregou D. José Alves Correia da Silva a elaboração do relatório da Comissão Canónica, alicerce da aprovação do culto a Nossa Senhora de Fátima em 1930. Conquanto próximo das três crianças de Aljustrel, foi com a Jacinta que o P. Formigão maiores laços de afinidade criou. Dado o estado gravíssimo da criança, conseguiu que fosse levada para Lisboa, a fim de ser operada no Hospital de D. Estefânia. Ali morreu Jacinta, chamando pelo seu amigo Cónego Formigão, retido em Santarém, a quem tinha um recado para dar, da parte de Nossa Senhora: «… é preciso haver quem faça reparação». Em 1925 foi nomeado Cónego da Sede Lisboa. Sentindo o premente encargo da missão reparadora de Fátima, em 1926, no meio de inúmeras incompreensões e desgostos, fundou a Congregação das Religiosas Reparadoras de Nossa Senhora das Dores, de Fátima. Circunstâncias ligadas com a sua fundação levaram-no a procurar trabalho na Diocese de Bragança, onde foi professor no liceu, secretário do Bispo, Reitor do Seminário, fundador do jornal Mensageiro de Bragança, da revista Stella e de dois Patronatos para jovens. A pedido do Arcebispo de Évora reorganizou o Seminário Maior da Arquidiocese, de que foi Reitor e professor. Corria o ano de 1945. A saúde do Cónego Formigão iniciou o declínio. Capelão das suas irmãs Reparadoras em Meixomil, dali partiu em 1954 para a Casa-Mãe das Reparadoras na Cova da Iria. Atingido em 1956 por uma grave paralisia, morreu naquela comunidade no dia 30 de Janeiro de 1958. De tal modo este incansável “sacerdote mariano” se identifica com a Mensagem da Senhora de Fátima que é chamado o «Quarto Pastorinho». O processo de beatificação e canonização do “Apóstolo de Fátima” por antonomásia foi encerrado em 16 de Abril de 2005 e segue os seus trâmites em Roma.

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