Igreja/Ambiente: Pandemia veio sublinhar atualidade da «Laudato Si» e urgência de mudança – José Varela

Membro da Rede Cuidar da Casa Comum faz balanço positivo do ano dedicado à encíclica ecológica e social do Papa Francisco

Lisboa, 22 mai 2021 (Ecclesia) – José Varela, da ‘Rede Cuidar da Casa Comum’, disse a pandemia de Covid-19 veio sublinhar a atualidade da encíclica ‘Laudato Si’ (2015), do Papa Francisco, e a urgência de mudança nos comportamentos da humanidade.

“Esta crise sanitária, que é também económica e social, e que se relaciona igualmente com questões ambientais e de biodiversidade, mostrou claramente que tudo está interligado e que as soluções têm que ser procuradas em conjunto, protegendo os mais vulneráveis. Isolados, cada um por si, não será certamente possível ultrapassar todas estas dificuldades”, referiu à Agência ECCLESIA.

O membro da Comissão Executiva da ‘Rede Cuidar da Casa Comum’, assinala que a pandemia também mostra que “é absolutamente essencial” a promoção do bem comum, o bem de todos e de cada um, o que “não pode ser só retórica”.

“Um sistema de saúde frágil coloca todos em perigo. As propostas da ‘Laudato Si’ para o cuidado da Casa Comum são também respostas para esta crise”, exemplificou.

Para José Varela existe uma “grande diversidade” na receção do documento do Papa Francisco, que inspira desde maio de 2020 um ano especial ‘Laudato Si’.

Segundo o entrevistado, se existem comunidades que “talvez ainda não tenham tido a oportunidade de aprofundar e conhecer verdadeiramente a mensagem da ‘Laudato Si’, noutras vê-se uma adesão grande, “com um empenho transversal a diversos níveis”.

Em Portugal, apresentam-se como exemplo as várias instituições ligadas à Igreja que estão na ‘Rede Cuidar da Casa Comum’, muitas com iniciativas de “promoção da ecologia integral”.

José Varela assinala que a mensagem do documento do Papa Francisco, por vezes, é “rotulada” como um assunto apenas ambientalista, “relativo à reciclagem ou à proteção da natureza”, que são importantes, mas “a ecologia integral é muito mais”.

“Está em causa o ‘grito da terra e o grito dos pobres’, como diz a encíclica. Por outro lado, a ‘Laudato Si’ obriga-nos a questionar muitos aspetos do nosso estilo de vida, o que nem sempre é confortável”, acrescentou.

A Igreja Católica está a viver o Ano ‘Laudato Si’ até 25 de maio, por iniciativa do Papa Francisco, um tempo que, segundo o entrevistado, deu “impulso e visibilidade” a uma multiplicidade de iniciativas no mundo inspiradas pela mensagem da encíclica.

José Varela refere que “é difícil” avaliar o impacto global deste ano especial na Igreja, mas, de um modo geral, “foi significativo a vários níveis”: na espiritualidade e na forma de olhar e de relacionamento com a Criação; no funcionamento de organismos da Igreja que “assumiram até compromissos muito concretos, como o desinvestimento em combustíveis fósseis”; na intervenção pública da Igreja e no seu relacionamento com outras entidades públicas e da sociedade civil e na “união” com Igrejas que “partilham as mesmas preocupações no cuidado da Casa Comum”.

O Vaticano lançou um “manual” de aplicação da encíclica ‘Laudato Si’, o documento interdicasterial “A Caminho da Casa Comum” com mais de 200 recomendações, a 18 de junho de 2020.

“É muito interessante e motivador ver o que está a ser feito nos mais diversos pontos do mundo, conhecermos pistas de ação, tendo o contexto da Doutrina Social da Igreja. O documento é também demonstrativo de como a ecologia integral necessita de uma abordagem interdisciplinar, envolvendo diferentes vertentes da vida em sociedade”, referiu José Varela, partilhando que tem sido “muito útil na identificação de boas práticas e exemplos concretos de iniciativas”.

‘Pois sabemos que as coisas podem mudar’ é o tema da ‘Semana Laudato Si’ 2021 que é, “claramente, de esperança”, como a mensagem da encíclica do Papa, segundo o membro da Comissão Executiva da ‘Rede Cuidar da Casa Comum’.

Para o animador Laudato Si’, outro sinal de esperança é o lançamento da Plataforma de Ação Laudato Si, na próxima terça-feira, a partir do Vaticano, que apoiará “compromissos de conversão ecológica integral” num horizonte de sete anos.

CB/OC

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