Ucrânia: Paróquias católica e ortodoxa no Porto uniram-se para vigília de oração pelo fim da guerra (atualizada)

D. Armando Esteves marcou presença em celebração na igreja da Senhora da Conceição

Foto: Lusa/EPA

Porto, 26 fev 2022 (Ecclesia) –A paróquia ortodoxa de São Pantaleão e paróquia católica da Senhora da Conceição, no Porto, promoveram hoje uma “ação de solidariedade para com o povo ucraniano”.

D. Armando Esteves, bispo auxiliar do Porto, destacou que o momento de oração era marcado pela “esperança” em Deus, representando “um grito de solidariedade e esperança”.

“Às armas respondemos com o que temos: a oração e a solidariedade”, declarou o responsável católico, citado pelo jornal diocesano ‘Voz Portucalense’.

Alina Ponomarenko, cônsul da Ucrânia no Porto, uniu-se a centenas de participantes na vigília ‘Com a Ucrânia no Coração’.

“O destino da Europa está a ser determinado na Ucrânia. Se Putin não encontrar a resposta adequada, se não for parado agora, ele irá mais longe, colocando todos os Estados europeus sob grave risco”, disse.

A paz é “não é um assusto de crentes mas de toda a sociedade”, disse à Agência ECCLESIA o padre Rubens Marques, responsável pela Paróquia da Senhora da Conceição.

A causa da paz diz respeito a crentes e não-crentes, a todas as religiões. Temos de agarrar a oração e o desejo pela paz para que crie mentalidade, habite a nossa consciência e, pela ação divina possa ter influência de sabedoria em quem tem poder de decisão”.

O evento vai contar com a participação de D. Armando Esteves Domingues, bispo auxiliar do Porto.

O padre Micaelo, responsável pela comunidade Ortodoxa na paróquia de São Pantaleão,  está em Portugal há 22 anos e disse estar disponível para regressar à Ucrânia, se assim for necessário, para manter o país livre.

“Se precisar ir para a Ucrânia, voltamos. Há mulheres a receber armas para lutar contra os ocupantes. O Putin está a criar uma guerra para juntar os países numa nação única, mas a Ucrânia já não volta – somos independentes e somos outros, de pensamento e de tudo”, referiu à Agência ECCLESIA.

A Paróquia de São Pantaleão acolhe a comunidade búlgara, romena, grega, russa, da Geórgia e todos os que, de rito ortodoxo, se encontram longe do seu país.

O padre Micaelo indica que 80% da sua comunidade é ucraniana e manifesta-se consternado com o conflito que teve início na madrugada desta quinta-feira.

Foto: Lusa/EPA

“Os meus pais estão lá, a minha família está cá. Estou cá desde 2000. O meu pai não quis vir, a minha mãe quer, mas o meu pai quer ficar na sua pátria até ao fim da vida. A minha família está toda cá, a minha esposa, filhos. Isto é horrível”, lamentou o entrevistado.

A Rússia lançou na madrugada de quinta-feira uma ofensiva militar em território da Ucrânia, alegando a necessidade de “desmilitarizar e desnazificar” o país vizinho, tendo o ataque sido condenado pela generalidade da comunidade internacional.

O padre Micaelo destacou a importância de oração conjunta, “ao mesmo Deus e à mesma Nossa Senhora” e afirma que, desde quinta-feira, a igreja tem estado aberta para receber pessoas que querem rezar.

Desde 2000 em Portugal, o padre Micaelo fala de um país acolhedor e de paz.

“O povo português é humilde, de coração aberto, não quer saber da tua vida passada, quer conhecer-te e ajudar. Não tenho nada a dizer. É o melhor país da Europa, país de paz e de trabalhadores”, declarou.

O padre Rubens Marques assinalou, por sua vez, que a irmandade das Igrejas, que acontece naturalmente em outras alturas e ações solidárias, teria de ser expressa neste momento.

“Quando tivemos conhecimento do início da guerra, conversamos com os irmãos ortodoxos, que desde 2004 celebram na nossa capela, e naturalmente quisemos mostrar solidariedade com o povo ucraniano e com quem tem lá as suas famílias”, indicou.

A iniciativa de oração e solidariedade ‘Com a Ucrânia no Coração’ decorreu na Igreja da Senhora da Conceição e na Praça Marquês de Pombal.

LS/OC

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