Vigília Pascal: «Entremos também nós na Páscoa» – Papa Francisco (c/vídeo e fotos)

Celebração do anúncio da ressurreição, na Basílica de São Pedro, recordou noites de guerra, na presença de autarca e deputados da Ucrânia

Cidade do Vaticano, 16 abr 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco recordou hoje, na homilia da Vigília Pascal, as “noites de guerra”, convidando à esperança, a partir da atitude das mulheres que foram ao túmulo de Jesus e anunciaram a ressurreição.

“As noites de guerra são atravessadas por rastos luminosos de morte. Nesta noite, irmãos e irmãs, deixemo-nos guiar pelas mulheres do Evangelho, para descobrir com elas a aurora da luz de Deus que brilha nas trevas do mundo. Veem, escutam, anunciam: com estas três ações, entremos também nós na Páscoa do Senhor”, disse Francisco.

O Papa apontou que o “primeiro anúncio da Ressurreição é feito, não sob uma fórmula a decifrar, mas sob um sinal que se deve contemplar” que, frequentemente se olha a realidade de “olhos voltados para baixo, fixando-se no dia que passa” e “desiludidos” quanto ao futuro, fechados nas necessidades e acomodados “na reclusão da apatia” .

“Permanecemos imóveis diante do túmulo da resignação e do fatalismo; sepultamos a alegria de viver”, indicou.

“Levantemos o olhar, retiremos dos nossos olhos o véu da amargura e da tristeza, abramo-nos à esperança de Deus”, acrescentou.

Lembrando as mulheres que escutaram a notícia da ressurreição de Jesus  – “não está aqui” -, o Papa disse que “faz bem “ouvir e repetir estas palavras”.

“Sempre que o procuramos apenas nas emoções passageiras ou nos momentos de necessidade, para depois O deixarmos de lado esquecendo-nos dele nas situações quotidianas e nas opções concretas de cada dia, repitamos: não está aqui!”, afirmou perante as 5500 pessoas presentes na Basílica de São Pedro.

Na homilia desta Vigília Pascal, o Papa pediu ainda “a coragem de mudar” e de “não reduzir a fé a um amuleto”.

Um cristianismo que busca o Senhor entre as ruínas do passado e o encerra no túmulo da rotina é um cristianismo sem Páscoa. Mas o Senhor ressuscitou!”.

Apontando as “mulheres que anunciam”, o Papa confirma que a Páscoa não acontece “para consolar intimamente quem chora a morte de Jesus”, mas para abrir “os corações ao anúncio extraordinário da vitória de Deus sobre o mal e a morte”  e designa de “bela” a Igreja que “corre pelas estradas do mundo” para anunciar.

“Sem medo, sem táticas nem oportunismos; só com o desejo de levar a todos a alegria do Evangelho. A isto, somos chamados: a fazer experiência do Ressuscitado e partilhá-la com os outros; a rolar aquela pedra do sepulcro, onde muitas vezes fechamos o Senhor, para espalhar a sua alegria pelo mundo”, sustentou.

Francisco desafiou a levar Jesus “para a vida de todos os dias: com gestos de paz neste tempo marcado pelos horrores da guerra”; “com obras de reconciliação nas relações rompidas e de compaixão para com os necessitados; com ações de justiça no meio das desigualdades e de verdade no meio das mentiras”; com “obras de amor e fraternidade”.

Foto: Vatican Media

“Ele entrou no túmulo do nosso pecado, chegou ao ponto mais distante onde andávamos perdidos, percorreu os passos emaranhados dos nossos medos, carregou o peso das nossas opressões e, dos abismos mais escuros da nossa morte, despertou-nos para a vida transformando o nosso luto em dança. Porque com Jesus, o Ressuscitado, nenhuma noite é infinita”, concluiu.

No fim da homilia o Papa dirigiu-se ao prefeito de Melitopol, Ivan Fedorov, presente na Basílica com uma delegação de deputados ucranianos, com quem que já se tinha encontrado antes da celebração.

Nesta escuridão que vivem, senhor autarca e senhores deputados, a escuridão da guerra e da crueldade, todos nós rezamos com vocês nesta noite, rezamos pelos muitos sofrimentos. Nós podemos só oferecer a nossa companhia, a nossa oração e dizer-lhes: coragem, os acompanhamos. Podemos também dizer-lhes a maior coisa que hoje se celebra: Христос воскрес! (Cristo ressuscitou)”.

Durante a Vigília, os participantes rezaram para que os governantes sejam “artesãos do diálogo e da paz entre os povos” e para que “sejam dadas esperança e paz aos povos oprimidos pela guerra”.

A celebração foi presidida pelo cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício; o Papa leu a homilia e batizou sete catecúmenos, naturais da Itália, EUA, Albânia e Cuba.

Francisco, que se deslocou com dificuldade, participou na Vigília Pascal sentado, junto ao altar.

SN/OC

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